Imprimação de Base em Rodovias: Essência da Ligação Entre Camadas
Introdução
Na construção rodoviária, cada etapa tem impacto direto sobre a vida útil do pavimento. Entre elas, a imprimação ocupa papel decisivo. Mais do que um simples “preparo da base”, trata-se de um processo técnico que assegura a impermeabilização temporária e a aderência definitiva entre a camada de base e o revestimento asfáltico.
Ignorar ou executar mal essa fase pode levar a falhas precoces como desplacamentos, infiltrações, borrachudos e trincamentos, comprometendo todo o investimento da obra.
O que é a Imprimação?
A imprimação é a aplicação de um ligante betuminoso líquido, geralmente emulsionado em água, sobre a superfície da base granular (brita graduada, solo-brita, BGTC). Esse ligante deve penetrar parcialmente nos vazios da base, fixar partículas soltas e criar uma ponte adesiva para a capa asfáltica.
É regulada no Brasil por normas como:
- DNIT 144/2014-ES – Execução de Imprimação
- ET-DE-P00-020 – Normas do DER/SP
Funções Principais
1. Impermeabilização Temporária
- Cria uma barreira contra a infiltração da água da chuva até a execução da capa.
- Evita a perda de resistência da base, que poderia se desagregar ou deformar quando saturada.
- Protege a estrutura em caso de atrasos entre a execução da base e a aplicação do revestimento.
2. Aderência entre Base e Revestimento
- Forma uma película pegajosa que garante o trabalho conjunto entre as camadas.
- Aumenta a resistência ao cisalhamento e às cargas verticais de tráfego.
- Previne o descolamento do asfalto, que é uma das falhas mais graves e de difícil reparo.
Funções Secundárias
- Fixar partículas soltas, diminuindo o pó superficial.
- Regularizar pequenas imperfeições da superfície da base.
- Proporcionar melhor acabamento para a aplicação da capa.

Produtos Utilizados na Imprimação
1. Cutbacks Asfálticos (uso em queda)
- Exemplos: CM-30, RC-250.
- Boa penetração, mas alto impacto ambiental devido ao solvente.
- Uso cada vez mais restrito pelas normas brasileiras.
2. Emulsões Asfálticas Catiônicas
- Tipos: RR-1C, RR-2C, RL-1C, RM-1C.
- Menos agressivas ao meio ambiente, seguras e de aplicação simples.
- Hoje são padrão em obras públicas e privadas.
3. IMPRA (um dos mais usados atualmente)
- Emulsão especialmente desenvolvida para imprimação.
- É uma emulsão catiônica de ruptura lenta/modificada, que permite maior tempo de penetração na base antes da quebra.
- Substitui os cutbacks com eficiência, sem riscos ambientais.
- É hoje uma das soluções mais especificadas em obras rodoviárias no Brasil, justamente por aliar penetração, aderência e segurança.
4. Emulsões Modificadas com Polímeros
- Versão mais moderna e durável.
- Aumentam a resistência à água e à deformação.
- Mais caras, mas recomendadas em obras de grande porte e rodovias com alto volume de tráfego.
Procedimento de Execução
- Preparação da Base
- Varrição e limpeza completa.
- Correção de falhas e eliminação de pó.
- A base deve estar seca e homogênea.
- Taxa de Aplicação
- Emulsões: entre 1,0 e 1,4 L/m².
- Cutbacks (quando permitidos): entre 0,8 e 1,2 L/m².
- Ajustada conforme a absorção da base.
- Equipamentos
- Caminhão espargidor calibrado, garantindo uniformidade da aplicação.
- Tempo de Cura
- Emulsões como o IMPRA: 24 a 48 horas, até completa ruptura.
- O tráfego não deve circular sobre a superfície durante o período de cura.
Riscos da Má Execução
- Excesso de ligante → escorregamento do revestimento.
- Deficiência de ligante → falta de adesão, desplacamentos e infiltrações.
- Aplicação em dias chuvosos → emulsão não rompe, comprometendo a ligação.
- Ausência de imprimação → falhas prematuras e alto custo de manutenção.
Conclusão
A imprimação é o elo vital entre a base e a capa asfáltica. Sua principal função é impermeabilizar a base contra infiltrações e garantir aderência entre as camadas. Produtos modernos, como o IMPRA e as emulsões catiônicas (RR-2C), oferecem o equilíbrio ideal entre desempenho técnico, segurança ambiental e durabilidade.
Negligenciar a imprimação significa comprometer toda a vida útil da rodovia. Já a aplicação correta, controlada e dentro das normas, é sinônimo de economia, eficiência e pavimentos mais duradouros.



